terça-feira, março 27, 2007

...Overdoses...


Querido Náufrago,

Ainda é cedo para se recolher.

O que se aproxima agora, deixa vir.

Seria mesmo um grande absurdo

dizer que você... de fato, não existe?

Que espécie de você eu venho criando?

Colabore comigo, me dê uma pista

de que eu não estou só

Exercito-me diariamente

experimentando encaixar no alfabeto

o milagre da palavra,

faço práticas esotéricas

com temperos variados,

já não como corações,

nem mesmo de galinhas...

Venho tentando discernimento

nas horas vagas e

devagar descobrir se tudo o que me cerca

em que medida é fato, ficção ou coisa nenhuma

Afinal...

como integramos um amor pelo outro

na continuação do amor por tudo?

Tem uma potência dentro que diminuímos

por medo de perder o que intentamos juntos

Depois que eu ir...

Não nade atrás de mim

Você não achará o fundo

porque nessa jornada,

o que caminha sobre a terra

mergulhará apenas em si

...pequenas doses...

Eu voltei nesse corpo
Agora sei
Nem me reconheço mais
Intuia voltar total bicho
ou qualquer coisa sem tanto movimento
Recordo do vôo livre
e os porquês escapam duvidosos
Descoordenados os braços não planaram
virtuosos como nos ensaios
E passei do concreto da avenida
para a terra fofa sem sol

quinta-feira, março 22, 2007

...Overdoses...


É assim...
não é?
Escapamos pelas frestas
Desviamos pela verdade

Recebo os espaços e espasmos

Num código ainda indecifrável

Uma conduta

Preciso urgente de uma cartilha...

Para conduzir arfante o peito

para o próximo pequeno passo
e sim...

Devagar me acostumar com a medida do seguinte

Tento ainda formular nesse inventário

um método sem esforço

Tornar palatável a secura do espinho
Desculpe qualquer coisa é vasto demais...
Reduzir é a fuga do caminho ordinário

E se me abro toda em conteúdo

Desequilibro

A queda ultrapassou o plano

Destampei os olhos e
agora não sei

o que fazer

com a coisa toda exposta

quarta-feira, março 21, 2007

...Overdoses...

Me acorde coração...
Que no pulso dessa hora
Eu não cerre os punhos
Não degole à primeira vista
Efígie num reflexo do sem querer
Que eu não comprima
o corpo assim...
Buscando em mim
ecos do já vivido
Desperta profundeza
Que dentro da carcaça
Eu resolva agir no ritmo da vida
Nem tão precário respiro esburacado
Que estrada é essa grande coração?
Que me remôo fazendo das dores
O refúgio do não
Que sempre e durante e
há muito tempo eu iludo...
E tudo continua
No pulso
Mesmo lugar da quietude
Encontro vazio de mim
Arquétipos em liquidação
E tudo tudo tudo ...
menos isso...
Isso me traz até aqui
“Isso” é o que eu renego
Descobrir que durante o amor
Eu exigi recompensa

segunda-feira, março 19, 2007

...Overdoses...

Em oposição à perfeição do
ser que eu poderia idealizar
Em contraste absoluto com a
matéria que me compõe
Porque tenho uma validade
Digo aleluia!
Que se rompam todas as intelectualizações
a cerca do bem e do mal
Do que é tão certo a fazer
Aleluia que é alegria
Nada mais que isso...
Júbilo
Densidade em fluxo luminoso
vitalidade e desejo
contentamento
que até agora usamos apenas
para afirmar um ponto de vista
Que agora seja a grande hora da transformação
E que os pontos sirvam apenas
para destacar as páginas mortas...

...pequenas doses...

A obra que acontece dentro
de qualquer homem
provoca a natureza do invisível

quinta-feira, março 15, 2007

...pequenas doses...

Uma metade toda humana
e a outra só estranheza...

...Overdoses...

O que vejo agora
É o fundo do sentir
Lá onde nunca arrisquei perder
Lá construí essa morada
Fixei pés
Levantei a espada durante as invasões
Conquistei o território todo
E sentei-me no trono
vencedor
do que era tudo tão meu
Uma autoridade que não pode
ser limitada por nenhum outro poder

E tem a sua disposição

os corações mais distintos

Não,não poderia sofrer
restrições de nenhum tipo!
A paisagem de lá
desse fundo
eu mesmo arquitetei
durante anos a fio a ferro a fogo
As memórias todas
Demarcariam o meu
impiedoso reinado
De lá do fundo eu cresci
imaginado que tudo era isso
...mas de repente
nada do que era o eu supremo
me disse respeito...
Parecia a vida de outro
sem fazer sentido continuar

toda aquela matança
Eu não sou o que eu conquisto
E tudo começou com essa dor
de não ter o que de melhor eu poderia dar...
Se foi melhor assim...
Agora é que eu não posso responder...

O melhor vem em qualquer tempo
isso eu sei
...
Ele partiu indo em direção ao seu melhor
Ela partida regressou do ter se lançado tanto
que nem o fundo agüentou o impacto
e rompeu-se espalhando
o de dentro dela
para todo o lado...

quarta-feira, março 14, 2007

...pequenas doses...

Não é fácil...

Mas também

Não é impossível!

...Overdoses...

Operação resgate

Fixação melancólica?
Desilusão escancarada?
Vácua-solidão-carência?
Sentimento de perda irreparável?
Desamparo?
O excesso que sobrecarrega?
Neurose de transferência?
Consumo voraz de compensadores?
Viu-se confrontado com o desafio
de penetrar, perdoar e amar?
Às voltas um pouco com o decifrar?
Seu dilema se encontra impedindo
de acessar o botão auto-limpante?

O pano de fundo, a matéria prima
Sem a qual não há o que construir
pode ser um ato que vem das
coisas mais doloridas
mas...
Impossível não reconhecer
a exuberância da vida se você abrir a porta
Dilacerado ou não
Seu estilo de ser
Passa para o auto-ser
em qualquer circunstância

Lembrete:

Não escape de si...

terça-feira, março 13, 2007

...pequenas doses...

eu me mantinha sem entender direito,
aquele hábito que as pessoas tem
de esquecer outras,
aquele costume que temos
de conter o intenso...

...pequenas doses...

Imagine que
é a falta de jeito que dói

...pequenas doses...

É necessário tudo isso para que compreendas?
No fim soamos
como real
mente
somos

segunda-feira, março 12, 2007

...pequenas doses...

Sou dependente
do impossível?

...pequenas doses...

Deixe assim...
Essa é a ficção do "deixa assim"...
Somente grandes literatos falaram sobre isso
Poucos suportaram "deixar assim"
Os que deixaram...
não tem mais o que fazer.

...pequenas doses...


O que é o que é:
Um dia dois um dia dois um dia UM ?

quinta-feira, março 08, 2007

...pequenas doses...

O amor não é alguém
Uma forma
Um fim
Uma meta

flecha ou

qualquer objeto pontiagudo

que um cupido obeso carrega...

Esperar uma resposta

é o pior que pode acontecer

amor

é

é

é

é

e

é


...pequenas doses...

A verdade transita entre uma noção
de não apenas eu,
a confiança deve servir aos corações...
...
sim
...
devemos isso a eles,
mas como partir em pleno alto mar ?
e tanto querer pode acabar assim?
em outros braços a qualquer momento?
Essas e outras perguntas são destacadas
do fundo do profundo do denso do
intenso do abissal do inominável do
assombroso do difuso porém dolorido
“mundo dos animais que pensam e
pensam e... pensam e...
se encontram,acasalam e morrem”

...pequenas doses...

...quando a coisa aperta
é imperativo dar o tempo
para que a coisa entenda
que não permanecerá atada
porque estará

domingo, março 04, 2007

...pequenas doses...

Para dar asas ao pensamento
é necessário retirar antes
o peso

...Overdoses...

Ampare quem vai caindo

e quando pensar em desabar

procure a irmandade

um clã que sobrevive de si

Não há dogmas, regras,

uniformes, bandeiras,

não há um tratado filosófico,

engajamento que fascine pela teoria

O "clã que sobrevive de si”

não necessita de explicações porque

legitimasse partindo da individualidade

de pessoa criada dentro de um sistema

estilo areia movediça

para o coletivo de pessoas que

desatolam e descobrem-se dentro

de um recipiente chamado

corpo- a- ser- ocupado

formando o panorama do

“somos todos uns”

simples

Para fazer parte basta

entrar em contato com

sua porção abandonada

depois convide essa porção

para dar uma volta no parque,

dê uma atividade ao corpo que o carrega

mantenha alerta vermelho

da auto-abservação durante 24 horas e

13 luas e não descanse de si nos feriados,

nem mesmo em datas festivas,

o si que vai se criar é um si

independente do eu

e cada si liberto

transforma-se e revitalizasse

escolhendo por si mesmo

ser o si que bem quiser

...pequenas doses...

Nada me trai tanto quanto
a ilusão da falta

...pequenas doses...

Não quero ver você
se civilizando por aí!

...pequenas doses...

Ter limites é uma domesticação antiga...
uma ilusão para acalmar a mente
ela quer a segurança que ter limites trás
a fronteira é o ilimitado...
e isso sim pode ser

sábado, março 03, 2007

...Overdoses...

Chega

...você que mesmo eu não...

Tentarei organizar o que

resta do meu raso repertório romântico...

confusão a vista na terra do:

que vamos fazer?

Capítulo do passado o tempo

ainda não temos a coragem de...

Capítulo do mesmo que fugaz existir é...

Capítulo do que interessa

é a tua mão na minha

silêncio

eus recheam a madrugada e

nada resulta em nada

espero um sinal

dar a partida

engrenar o corpo rumo ao

destino de todos nós

Ai...

Não sei

Não não não

Se ficar terei que rearanjar a vida

se ficares terás junto de mim

o que mesmo querendo

eu não poderia garantir

Quer?

No mercado do sentir

eu já me fiz toda boa fruta

Não tenho mais nada em estoque

Calculei mal a demanda

Vejo

Conectando aliviando satisfazendo

Deliberando

Encolhendo

Decidindo

Agir

caminhando

Para onde o sol não

alcance a vista triste

eu cegando eu muda

eu apática eu querendo o impossível...

Porque transito vez ou outra na contra mão

e se digo sim repenso em voz alta não

e se penso demais perco passagem

destino

um suposto futuro