segunda-feira, julho 23, 2007

Diálogo com águia que canta

Quando é que não foi quando?
Agora!
Agora não foi quando?
Agora!
Não foi quando esse agora?
Agora!
Quando?
Agora
E quando não foi?
Agora e já passou
A mãe humana fareja a casa
sempre que afina a pele
de uma escuta do vi ver
Gosto do pedaço da parte
que não quer se mostrar
Eu disse mesmo
Às vezes é preciso assumir em público que não dá!

A compulsão pelo perfeito causa de imediato
o enferrujar do belo

sábado, julho 21, 2007

Onde por os pés?
Tinha ânsia em caminhar

mas não queria afundar na terra
Porque ficaria de fora de todo o resto
Fixar raízes é ocupar um espaço
Não queria ter uma direção
Sempre errava o caminho da casa
Tropeçava quando

perguntavam seu nome
Não queria ter um nome

a quem poderiam chamar
Se pudesse se dar um nome

seria indizível em qualquer língua
Um dia ouvia da avó que todas as raízes

não são inertes,as raízes disse avó

se encontram por baixo dos pés e

crescem para baixo e

não param de crescer

se você for de um pólo a outro

verá suas raízes se erguerem

em outros pés
Não se preocupe
Independente de você

seus pés seguem um destino

Amor fica tudo
de tudo
pra tudo com tudo
se tudo couber em tudo
Nada mais
que tudo
Que eu como resposta
Me dê coragem de nutrir os pés no solo
Me dê suave o ensino dos abraços
Me dê como alma um ser alado
Me dê nesta morada o alimento
Me dê sem receio o reflexo da simplicidade
Me dê alegria nas vezes do não
Me dê cumplicidade com tudo o que pulsa
e se encontrar uma companhia
Que eu me saiba libertar
Que o conhecimento não me alucine
E que o olhar desse outro
encontre repouso

quarta-feira, julho 11, 2007

Nada mais tenho que manter
O sorriso difuso
Não tenho que manter
Uma palavra para tudo
Não tenho que manter
Uma verdade para aplacar o medo
Não tenho
Não tenho que manter a fachada limpa
Nem esconder o entulho
Não tenho que manter a mentira
Nem desviar os olhos
Não tenho que ser um exemplo
Não tenho que vestir o combinado
Nem andar calçada eu tenho
Nada mais tenho que me mantenha nos trilhos
Não tenho que manter um amor por pertencimento
Nem a família toda eu tenho
Eu tenho não o dia todo para fazer
Mas o segundo fugidio de cada hora eu tenho
Não resta muito daquilo tudo de eu então...
Desapliquei força
E sobraram os ossos,

intactos.

sábado, julho 07, 2007

Não vou
Deixo vir

Sinto
e sem querer
amanheço de estrelas

...pequenas doses...

Estava lá
Mesmo quando não viu
Estava só e não era uma