segunda-feira, dezembro 24, 2007

Viva
Vivo
Vi
vendo
Espanto por esses dias
E o que mais?
Não há.
Encontrar é dentro
Vive e aprende voar
Com um corpo todo em chamas
Um corpo livre arrebenta o casulo
Dói se metamorfosear por aí
toda transformação da matéria
implica no deixar ir
Faz parte para o todo
Deixemos então meu amigo
o aberto na palavra
para não represar o sagrado
o aberto do espírito
para relembrar o mapa no caminho
Já estamos nele
o tempo
o todo
é sim
esse momento de tanto
num simples
agora.

domingo, novembro 25, 2007

Por aqui onde sinto você está
Por aqui onde tateio encontro sinais do amor
Por aqui eu te digo sem esperar
É bom gostar sendo-me

segunda-feira, setembro 24, 2007

Vem rasgando uma roupagem de invernos pesados...
Vem que não existe terra árida porque seu
fundo jorra aos céus...
Vem que em tua presença meu divino se manifesta...
Vem que na melodia do teu peito embalo minha criança...
Vem que somente na diferença faz-se luz...
Vem trilhar esse espaço do infinito sem o colapso do medo...
Vem que meu vermelho do dentro só
pode desaguar em veias compatíveis...

quinta-feira, agosto 30, 2007

Palavra
Essa unidade da criação divina
Uma vez dita
Ecoa em voltas

segunda-feira, agosto 27, 2007

Eu não sou?
Você sempre deixa de ser
Então... eu não é?

quarta-feira, agosto 22, 2007

Estamos a sós...
Nós relembrando eus
ou eus desatando nós?

sábado, agosto 18, 2007

Mas o ter que ir...
VOLTA
Enquanto o amor corre solto na aresta da boca
VOLTA
As imagens contendo histórias
VOLTA
Tenho que ir
VOLTA
Perde-se assim?
VOLTA
Na tessitura
VOLTA
Em torno de mim
VOLTA
Os dias passam demorados
VOLTA
Existimos agora
VOLTA
Se queres espera sentes saber
VOLTA
Meu sentir inunda os olhos
VOLTA
Recordamos calados
VOLTA
O fim será o mesmo?
VOLTA
Claro que eu te escuto me escuto
VOLTA
Farei o impossível acordada
VOLTA
Luz deixa acesa
VOLTA
Inclino o corpo assim
VOLTA
A névoa cobrindo um corpo de palavras
VOLTA
Não posso de outro modo porque quanto mais
eu te afasto mais eu te quero
Mais
Do
Que
Qualquer
Outra
Coisa
Esse pessoal que se conhece de repente
Se lhe tiram o sorriso
Apertam o passo

sexta-feira, agosto 03, 2007

Tudo parece modificado.
Não é algo que me traz a segurança que conheço. Dilata a própria natureza esse eu-agora. As vezes causo medo, esse eu rodopia e me cerca. De repente outro eu toma a frente e me dissolve em possibilidades, fico em dúvida.
Eu devia procurar a matriz desses eus?
Já encontrei uma ou duas vezes esse eu-matriz,
que sempre diz:
"quando estiver pronto encontrará o que você quer no momento do seu querer, fortaleça a sua coragem arriscando não dar certo na vida, arriscando não ser amado, volte para dentro sem suas verdades.
Na maioria das vezes eu só quero sentir uma respiração que não seja a minha.Quero desabar sem dor. Encostar minha cabeça no solo e silenciar durante os invernos. Quero poder ser a qualquer hora do dia. Quero ainda, extrair dos beijos o aperto de mão, dos corpos a minha casa, das memórias as gargalhadas, quero partilhar o alimento d'alma, doar abraços, desapegar dos vícios, das necessidades e também dos quereres quero me livrar. Busco o tempo de estar toda aqui, e se não der tempo para fazer oque imaginei ... o que posso fazer? Deixo ir.
Liberdade é o passo a passo para uma nova entrada no mundo,é a visão do recheio do amor, e é também a morada dos loucos.
Sem saber subverteu a ordem.
Jogou os passos em cima da mesa.
Destacou uma a uma roupas, idéias e normas.
E sem pressa se manteve em pé.
Não podia acreditar no próprio tamanho.

Desenrolando cada vértebra

uma descoberta de como ser.

Mas a possibilidade de ficar como se está,

se mostrava apetitosa.

Não sabia ao certo porque tinha que prosseguir.

Ou sentia.

Mas antes, sentir não era tão importante quanto saber.

Mas também não conhecia o saber genuíno que acontece

depois de já muito caminhar com esse corpo inteiro.
Sabia o que sabia de outros que também não sabiam o que era saber. Saber vai além do contar disse uma velha que nunca mais vi.

Vai além do dichavar disse um outro que também estava perdido.

E as vezes saber acontece durante o sono.

segunda-feira, julho 23, 2007

Diálogo com águia que canta

Quando é que não foi quando?
Agora!
Agora não foi quando?
Agora!
Não foi quando esse agora?
Agora!
Quando?
Agora
E quando não foi?
Agora e já passou
A mãe humana fareja a casa
sempre que afina a pele
de uma escuta do vi ver
Gosto do pedaço da parte
que não quer se mostrar
Eu disse mesmo
Às vezes é preciso assumir em público que não dá!

A compulsão pelo perfeito causa de imediato
o enferrujar do belo

sábado, julho 21, 2007

Onde por os pés?
Tinha ânsia em caminhar

mas não queria afundar na terra
Porque ficaria de fora de todo o resto
Fixar raízes é ocupar um espaço
Não queria ter uma direção
Sempre errava o caminho da casa
Tropeçava quando

perguntavam seu nome
Não queria ter um nome

a quem poderiam chamar
Se pudesse se dar um nome

seria indizível em qualquer língua
Um dia ouvia da avó que todas as raízes

não são inertes,as raízes disse avó

se encontram por baixo dos pés e

crescem para baixo e

não param de crescer

se você for de um pólo a outro

verá suas raízes se erguerem

em outros pés
Não se preocupe
Independente de você

seus pés seguem um destino

Amor fica tudo
de tudo
pra tudo com tudo
se tudo couber em tudo
Nada mais
que tudo
Que eu como resposta
Me dê coragem de nutrir os pés no solo
Me dê suave o ensino dos abraços
Me dê como alma um ser alado
Me dê nesta morada o alimento
Me dê sem receio o reflexo da simplicidade
Me dê alegria nas vezes do não
Me dê cumplicidade com tudo o que pulsa
e se encontrar uma companhia
Que eu me saiba libertar
Que o conhecimento não me alucine
E que o olhar desse outro
encontre repouso

quarta-feira, julho 11, 2007

Nada mais tenho que manter
O sorriso difuso
Não tenho que manter
Uma palavra para tudo
Não tenho que manter
Uma verdade para aplacar o medo
Não tenho
Não tenho que manter a fachada limpa
Nem esconder o entulho
Não tenho que manter a mentira
Nem desviar os olhos
Não tenho que ser um exemplo
Não tenho que vestir o combinado
Nem andar calçada eu tenho
Nada mais tenho que me mantenha nos trilhos
Não tenho que manter um amor por pertencimento
Nem a família toda eu tenho
Eu tenho não o dia todo para fazer
Mas o segundo fugidio de cada hora eu tenho
Não resta muito daquilo tudo de eu então...
Desapliquei força
E sobraram os ossos,

intactos.

sábado, julho 07, 2007

Não vou
Deixo vir

Sinto
e sem querer
amanheço de estrelas

...pequenas doses...

Estava lá
Mesmo quando não viu
Estava só e não era uma

segunda-feira, junho 25, 2007

...pequenas doses...

Nos esforçamos tanto na busca
de um outro alguém
enquanto a casa-eu permanece vazia

...pequenas doses...

Não pense demais que tudo esfria

quarta-feira, junho 20, 2007

...pequenas doses...

Se você chegou
o espaço prossegue em branco

...pequenas doses...

Pego carona na tua avidez e emprenho
nessa tarde de junho cheia de vontade de nascer

...Overdoses...

Quando eu pousei meus olhos na terra eu era a terra.
Eu era as conversas passando, eu era os carros, era os edifícios em construção, eu era os pios, os chiados, eu era o casal que se beijava na praça, eu era o banco, era o cachorro magro, eu era cada susto, chance, pensamento, eu era cada respiração, queda, deslize, desejo, sensação, eu era a mentira, era a menina ávida por colo, eu era o olho d'água e também a folha seca, as gentes, tudo o que estava em cima eu era, era o horizonte, o sol eu era a lua que chegava devagar em formato de lasca de unha cortada, eu era os pontos, marcas, estrias na garganta, eu era o canteiro de maria sem vergonhas eu era essa voz , eu era a totalidade dos medos do mundo eu era o abrigo dos pobres, o umbigo cheio de remendo, era o molhado da chuva, o pé que arrasta o outro, eu era a margem, o pólo, era o cavalo, a casa, eu era palavra, o desencontro, o brilho do menino, era o longe, eu era as fases e o tempo do pulso eu era, era o meio fio, o desfiladeiro, era o sorriso da velha, eu era o que pedia, era quem desviava, era o homem baixo, o outro literário, uma outra esquiva, era todos esses dedos e também uma família toda eu era.

...pequenas doses...

Se você olhar fundo em mim e
ultrapassar a primeira barreira,
que sou eu,
verá que dentro existe o espaço
que cabe exatamente o outro ,
que é você.

sexta-feira, junho 15, 2007

...Overdoses...

Perguntar traz angustia.
Responder traz dúvida.
Calar é quase uma utopia.
Silenciar só para uns poucos que já tentaram de tudo.
Quem responde traz novas perguntas e
essa fome deixa o pensamento obeso.
É melhor o meio termo.
Respondo e tomo um susto.
Não era do tipo que ficava
tomando sol em cima do muro.
Mas por esses dias pensei :
E porque não?
Ficar em cima do muro pode trazer
uma vista panorâmica dos lados.
É possível constituir família em cima do muro?
Os muros são assim, personalizados?
Dois corpos podem ocupar um mesmo muro?
Será que é possível ainda resgatar
alguém de cima de algum muro que está por desabar?
Que tamanhos, materiais,durabilidade podem ter?
Posso estar com um pé no muro e o outro no próximo passo?

terça-feira, junho 05, 2007

...pequenas doses...

A minha fala exedeu
e dispenso conselhos de um futuro
Por um momento
só aguardava
o sinal abrir

...pequenas doses...

Sem o desejo
Perco ramos de um jardim todo

...pequenas doses...

Se me amarem, ouviu da Mãe, já estou no lucro.
Filha, ouviu da avó, faz de conta e tudo fica melhor.
Não resta nada, ouviu do Pai, por isso vou embora.
Eu fiz o que podia, ouviu do marido,assim não dá.
Um dia, leu numa revista, seremos felizes.
O tempo, ouviu do rádio,
prevê precipitações em todo o território.
Desligou.

...pequenas doses...

Quem quiser colher
agora é tempo d'eu

...pequenas doses...

Aprendi a me desenvolver no escuro
desde a fase fetal

...pequenas doses...

E agora que eu não tenho em quem pensar
Pra onde pensarei?

segunda-feira, maio 21, 2007

...pequenas doses...

Quando mudo
tudo silencia


sexta-feira, maio 18, 2007

...pequenas doses...

Vide eu Bula

...pequenas doses...

Existe alguma pesquisa que revele
alguma probabilidade
de no fim tudo sair bem?

...pequenas doses...

Abundo quando me permitem o relaxamento

segunda-feira, maio 14, 2007

...pequenas doses...

É o que me ocorre agora:
Morto ou vivo todos deitam.
A morte já ocupou todos os dias dos meses de todos os anos?
Qual dia? de que mês serei contemplada?
E por quantas e quantas vezes vou passar em branco?
Até agora já me safei exatamente 29 vezes

quinta-feira, maio 10, 2007

...pequenas doses...

Vou partir e não importa as quebras
Onde o olho corre o pensamento desvia
O fim desatou a andar
E viro seca na grafia
Represando com dedos
Enlaço a língua
Afogo peito
Garfo e a memória repulsa
Toda configuração deu pane
Atiro o rosto num vulto
Envelheço no canto das almofadas
Cerro a porta e caio pela janela
De baixo veio a resolução:

Não houve retrospectiva em um segundo

segunda-feira, maio 07, 2007

...Overdoses...

O tempo nos dá a medida do sentir
O tempo pode mais
pode acalmar o furacão da paixão

sacudir o corpo ansioso
e descobrir o véu da tal verdade
pode o tempo fazer secar as palavras

que não cairam bem
pode também brilhar os olhos por

uma lembrança viva
o tempo é um fio

que uma bruxa não cansa de desfiar
com calma e firmeza
desata os nós

Ou rompe fios perdidos
O tempo ...
guarda nossa morte
transforma as arquiteturas da vida
E os equilibrismos nesse fio...
Quem comanda?
O tempo
ruge e desperta quem ainda mole na dormência
faz um corpo se expandir e integra naturezas
marca um passo depois do outro
O tempo é aliado da solidão...
Aliás...
o tempo e a solidão
são amantes

quinta-feira, maio 03, 2007

...pequenas doses...

DESEJO ME ALFABETIZAR ALÉM
DO SIM E NÃO

segunda-feira, abril 23, 2007

...Overdoses...

Não sei mais contar
O radar foi quebrado
E o farol nem quis saber de alumiar
De onde vem os passos que me guiam?
De certo, diriam os que sabem
De mim
Desacelero porque falta rumo
É o melhor
De mim
A marcha contínua
Independe do onde
Levei na cara o reflexo bem feito
O outro
Fisgo e já não sei
Era extensão eu?
Recolho linhas
E chorar cristalizou o estado das coisas

segunda-feira, abril 16, 2007

...pequenas doses...

SENTIR

A depiladora comentou satisfeita:
Menina cê
tá ficando cada vez mais insensível!

...pequenas doses...

PERSISTIR
Aqui não deu...
Mais ali tampouco...
Forcei a barra
E fiquei idiota

...pequenas doses...

RECEITA
Sabedora eu elaborei cada ingrediente
Mas a mistura
adulterou os viventes

...pequenas doses...

VER
Se me falta um eu tenho outro
Se me falta outro
eu fico cega

...pequenas doses...

VERDADE
Eu não me afasto para que você
não veja o tamanho da cauda

...pequenas doses...

ACORDO
A gente se envolve
Depois se desenvolve

sábado, abril 14, 2007

...pequenas doses...

ENCONTRO
Eu sempre tenho uma palavra na língua
Aí reside a dificuldade do beijo