
O MENDIGO QUE ARRASTA
DE POUCO UM TUDO
O MENDIGO QUE ARRASTA
Do simples
Gesto
Recebo
Grão
Palavra
Do simples
Silencio
Vejo
Alimento
Afeto
Do simples
Toque
Coração
Teu riso
ponto
Do simples
Dôo
Mergulho
Encontro
Passo
Do simples
Fogo
Não
Amanheço
Morte
Do simples
Respirar
Vento
Começo
Cinema
Do simples
Dia a dia
Olho no olho
Toma lá da cá
Dente por dente
Do simples
Beijo
Cuidado
Lembro
Sorriso
Do simples
Expresso
Mar
Encanto
Feriado
Do simples
Agora
Perdoar
Deixo
Fácil
Do simples
Horas
Desfecho
Gato na varanda
Abraço
Do simples
Pai
Sim
Terra
Confiar
Do simples
Bater de asas
Iluminar
Repartir
Sol
Do simples
Adeus
Reconheço
Transformo
Vida
Do simples
Tempo
Desenho
Acorde
Fé
Do simples
Chamado
Faz de conta
Amigo
Ser
Do simples
Caminho
Repouso
Choro
Pássaro
Do simples
Canteiro
Dar mãos
Universo
Semente
Do simples
Espaço
Tecido
Verdade
Luar
Do simples
Entrego
Ritmo
Corpo
Dança
Do simples
Destino
Sentido
Escuro
Invisível
Do simples
Brinco
Presente
Sustento
Centro
Do simples
Amor
Entendo
Sinto
Latido
Do simples
Tudo
Vazio
Escuro
Resumo
Do simples
Chuvisco
Abertura
Verdade
Caminho
Do simples
Nada
Mais
Do
Que
Diz que é pro meu bem
Por que pareço estar errando feio
...
Diz que é pro meu bem o fim
Diz que é pro meu bem saber, sentir, ser
Diz que é pro bem essa revolução
Pro meu bem essa doença
Esse desencantamento sem origem
Pro meu bem um novo caminho ainda escuro
E a insegurança
Pro meu bem essa pequena delicadeza
Pro meu bem tanto a fazer
Pro meu bem essa dor de herança
Pro meu bem me diz
Amor essa escolha é só minha
Diz que é pro meu bem que nada se define
Diz que é pro meu bem você indo embora
Esse desapego é pro bem
Pro meu bem essa angústia afundando o peito
E a respiração curta
Pro bem essas lágrimas no papel
E o conflito de saber e continuar fazendo
Pro meu bem que se fez esse dia inteirinho de sol
E não vejo nada além de sombras
Pro meu bem que os amigos resistem
E essa lucidez nas madrugadas
Pro meu bem descansar calando a boca
Pro meu bem que um dia de noite você disse:
Vai e fui e foi
Pro meu bem fiquei invisível
Discreta nos cantos
Pro meu bem agora não
Pro meu bem de repente parar tudo
Assim!
E desapontar previsões
Pro meu bem subir e descer
Pro meu bem o insulto e a queda
Pro meu bem não ter o que ter
Pro meu bem esse enfrentamento
Pro meu bem não ter aonde ir
Pro meu bem às vezes engasgar, desbotar
Pro meu bem aceitar e não atacar
Pro meu bem tantas escuras sintonias
Pro meu bem me diz amor só isso
Que o amor é o recheio das coisas
Que doem tanto
Que o bem é resistir à vontade de acumular mágoas
Resistir ao medo
Diz que o bem nunca me abandonou
Diz assim em voz alta
Em alta voz para que eu encoraje o coração
Para que em tua boca
Eu ganhe vida mais uma vez
Um grande giro em 13 luas
E o ser já renascido de tanto
De quatro se pôs a andar
Só vivia de terra
Não tinha ares de santo
Adaptou desconjunturas e
Desentortando ossos
Foi parar nas copas
Pata a passo
Queda
Passo a pata
Passo a passo
Independendo da situação
O ir continua
Pata a pata
Passo a passo é mais passo do que pata
Pata ou passo?
Ainda há chance...
Passo
civilizando o animal
Malabarismos para esconder os rastros
Asfaltaram tudo pelo caminho
Para além dessa matéria horizontal
Existem os arcanos
É preciso ser vertizontal
A jornada adquiriu planos
Tocar além dos olhos
Provar diferentes tons
Palavrear de águas um corpo
Tecer histórias de si em mi
Recordar maior sonhando
Tudo não cabe nesse tanto!
Horror de ser passo
Correu para longe
Sem agilidade de pata corria
Corria sem companhia de terra
Sem cabeça de bicho corria
Corria sem proteção de pele corria
Sem grito comum Corria
Corria sem chamado de outros
Corria entre metrópoles
Ponte corria
Casa corria
Família toda corria
A tona Corria Amares
Nome corria validade
Futuro corria Sonho
Deus corria Corpo
Dias corria
Outro corria Abismo
Frágil corria
de gravata e olhos afastados
Na ponta dos pés
Salto fino corria boca morna
Sem cauda ou pelo aparente
Esqueceu do nome do nome do nome
do nome do nome do nome
do no me do no me do nomedo
do nome nomedo
donome donomedo...
Transformava bicho no ilusório
Amor na falta
Corpo na necessidade
Compulsão no real
Separação no certo
Cadê o fruto original?
...
Não te recolhe na velha casa desolada
Estica a mão
assim
Não te demores
entra
um passo
mantém
há outro
Vê o intervalo?
livra o vôo
Agüenta ser asa
Sem patear ser passo