quinta-feira, janeiro 12, 2006

Diletantes ou invernada da vida

Diz
“Apenas uma única vez”
Apenas assim:
Estranhos...
Faz de conta que somos assim
Cheios de vida-Morte
Aceita?
O aparecimento...
Não tinha muito o quê te dizer...
E por isso mesmo fiz questão...disse
Que - bom - tudo - todo –você - assim - agora - sendo - na - minha – vida
Meio desconcatenada
Remoí por dentro
Brega?
Fui...
Cheia de vícios na língua
Muitos insolúveis
Olhei em volta e vi seu olhar de farol neblina acessível liso com visão nevoenta, mas alinhado.
Você por todos os lados
Eu
Murchando pouco a muito
lasciva
áspera
Estreita
Equivocadamente à vontade
Porque você me alarga e eu me sinto dentro
Procuro um abrigo teu peito um sinal
Socorro eu preciso de.
Um grito.
É do que eu tenho medo.
Eu escancarei desde a base
Nem notei que fui excessiva-obsessiva-compulsiva
Só queria experimentar
No sonho que eu não te contei...eu fiz barbaridades
Mas antes de sentir eu já tinha doído
Como pode ser?
E já era lua cheia
E já era alto da montanha
Todas as estações congeladas numa única imagem
Indescritível
Depois asfalto terra morta poeira seca tua mão de passagem passeia tépida
Eu flutuei assim...
Errático sonho desregular que não acontece sempre.
Encrespando a crina
Eu segui
Ainda sem coragem de te dizer
Entre uma garfada e outra
Meu prato esfriando e eu sem pulso
Perguntando-te meio afetada coisas e detalhes...
Sorrindo-te sem jeito
Que é o meu melhor
Não sei ser mas vou sendo
Não sei se é porque me reflito tão bem nesse teu agora que já nem sei quem é quem...
E te vejo
Ou não te vejo?
Vejo o quê? A mim?
Quando virás? Ou deveria dizer: Quando viremos?
Se for chegada a hora... Nós em pleno descobrimento das individualidades...
Parece franco demais?
É que ainda tenho muitos dedos de me chegar em ti-mim...
Tenho um abraço que agora eu tenho certeza que é só teu.
Toma
Lembra dele nos teus momentos...Isso é permitido!
Não tenho muito tempo
Mas tenho agora
Assim: Um no outro
Boca e olhos
Porque são entradas d’alma
Sem medo...
Não teremos essa carne toda, ela não tem profundidade que nos alcance como somos... Vem fica a vontade à casca é tua
Estou me distraindo enquanto falo...
Costumo ir e vir...
Não sei como isso pode ser habitual!
Agora mesmo eu “ir” não teve significado...
Nos estenderemos na imensidão de um choque
Esse que já foi dado
Olhando baixo curvo torto inteiro direto
Venha de óculos
Assim mesmo menino!
Com a curva acentuada na boca
As palavras estalando dentro do peito
Com aparência de quem acabou de tomar um sussurro forte
E um desejo incontrolável de mudar a cada instante
Derramando de forças rubras escuras e frágeis
Toca o solo e a alma nas mãos
Esquerda e direita
Lembra?
Duas efêmeras em comunhão
Te vejo sim agudo de mimoso
Sendo o oposto dos predicados convencionais
Que se dane a falta que os outros trazem!
Deixa levar sempre estes pedaços de ti
O teu predicado é um verbo
Que sem alcançar compreendas
Assim mesmo
Sem ter o quê.
Resta pouco de cada um dos teus fios
Lança eles porta afora
Que eles invadam a cidade o planeta a cobertura do mundo se enleve para além das compreensões estáveis e dedutíveis...
Doar é estar convicto de que já não é necessário ter.
Doar é assim, de mansinho, geralmente pela manhã, sem esperar nada se não a própria coisa nenhuma.
Que não será necessário nada além... Desenlace.
Eu não terei muito tempo
Então me dia amor! Isso mesmo ME DIA...
Façamos assim: Em silêncio todos os ruídos necessários para abrirmos todas as portas...
Faz assim:
Toma de tudo um pouco
Se te servir.

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